TEXTO I
Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores, encostado a um velho tronco decepado pelo raio, via-se um índio na flor da idade.Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até ao meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco selvagem.
Sobre a alvura diáfana do algodão, a sua pele, cor de cobre, brilhava com reflexos dourados; os cabelos pretos cortados rentes, a tez lisa, os olhos grandes com os cantos exteriores erguidos para a fronte; a pupila negra, móbil, cintilante; a boca forte mas bem modelada e guarnecida de dentes alvos, davam ao rosto pouco oval a beleza inculta da graça, da força e da inteligência.
TEXTO II
Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia.Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando.
Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que habitando a água doce por lá.
Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e começou falando como todos. E pediu pra mãe que largasse a mandioca ralando na cevadeira e levasse ele passear no mato.A mãe não quis porque não podia largar da mandioca não.
Ele choramingou dia inteiro.
(Texto com adaptações.)
Considere as seguintes afirmações acerca desses textos.
I. Os dois textos são descritivos: no Texto I predomina a descrição estática, de traços físicos da personagem; no texto II predomina a descrição dinâmica, de ações que caracterizam a personagem.
II. Identifica-se o texto I como produto do Romantismo, especialmente pelo traço de idealização do herói exposto na linguagem.
III. As marcas de estilo presentes no texto II são próprias do Modernismo: imitação do linguajar coloquial,
palavras e construções da língua popular.
IV. O resgate da temática indianista está presente nos dois textos, com o mesmo tratamento, prestigiando o elemento local e adotando igual ponto de vista na composição da singular identidade do homem brasileiro.
Deve-se concluir que estão corretas as afirmações:
a) I, II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) II, e IV, apenas.
d) II, III e IV apenas.
e) I, II, III e IV.
Assinale a alternativa em que os períodos I e II têm sentido equivalente.
a) I. No meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores.
II. Em meio ao espaço formando o grande amontoado de árvores.
b) I. Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates.
II. Uma simples túnica de algodão, chamada pelos indígenas de aimará, ajustada à cintura por uma faixa de penas brilhantes.
c) I. Caía-lhe dos ombros até ao meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco selvagem.
II. Caía-lhe das espáduas até o meio da perna, desenhando o porte delgado e esguio tal qual um junco selvagem.
d) I. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, dandava pra ganhar vintém
II. Gozava a vida reclinado exceto quando punha os olhos em dinheiro dandando pra ganhar vintém.
e) I. Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e começou falando como todos.
II. Bem depois de completados seis anos deram água num chocalho pra ele que começou a falar como todos.
Assinale a alternativa em que se encontra redação de acordo com a norma culta escrita.
a) E pediu à mãe que largasse a mandioca ralando na cevadeira e se dispusesse a levá-lo a passear no mato.
b) Se as mães não se proporem a ir, é por que não podem largar a mandioca, não. Ele choramingou,
dia inteiro.
c) A boca forte mas bem modelada e guarnecida, de dentes alvos expunha no rosto pouco oval, a beleza inculta: da graça, da força e da inteligência.
d) Tratavam-se de alguns índios que viam-se, em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores.
e) Simples túnicas de algodão, onde os indígenas chamavam-nas de aimará, apertadas na cintura por uma faixa de penas escarlates, caíam-lhe dos ombros.
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